Ele bateu-me a porta na cara. No dia seguinte, ainda com o som daquela porta que latejava na minha cabeça, chorei. Chorei agarrada à imagem dele a afastar-se cada vez mais de mim. Chorei. Chorei até um ponto em que não consegui manter-me de pé. Caí no chão e tive vontade de ter a minha mãe ali, para me agarrar, para me levantar, para cuidar de mim, para secar-me as lágrimas e dizer "Já passou", como ela sempre fazia quando eu caía, porque tinha esmorrado o joelho... Eu sentia-me infinitamente mais ferida do que em criança, mais vulnerável, mais necessitada do colo da minha mãe. Eu tinha alguém que me arrancara uma parte de mim. Alguém que levou algo que nunca mais será meu novamente. Alguém que tinha feito de mim a mulher mais feliz do mundo, carregava agora na mão a minha dor.
Estava sozinha. Mas levantei-me. Fiz uma escolha e decidi que aquela porta era eu que escolhia não mais abrir. Aprendi então que por muito que doesse eu ia seguir em frente. Feliz ou não.
Fictício
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