Estou de volta à cidade capital, depois de um fim-de-semana em casa dos pais, não que isso vos interesse, certo? Mas o curioso que notei nesta viagem e nestes dias que por lá fiquei, é o quanto as coisas mudam em tão pouco tempo... ou talvez, o quanto nós mudamos e em consequência tudo o que está à nossa volta nos parece diferente. E ao mesmo, tanto que não mudou. Tanto que permanece igual. É engraçado chegar e ver que o meu quarto está exatamente como o deixei, mas a forma como olho para ele nunca é igual de cada vez que lá volto. Há coisas que me trazem lembranças boas. Há coisas que já tinha esquecido, mas que rapidamente voltam à memória. Lembro-me, sobretudo, de cada vez que volto a casa, da ânsia que eu sentia de vir para cá, do quanto eu fazia ideia que ia ser feliz em Lisboa, que era onde estava o meu coração. Durante os últimos meses, independentemente do sítio onde estive a viver, que inclui também Coimbra, claro está, o meu coração esteve cá. Eu num lado e o meu coração nunca comigo.
Hoje estou de volta e comigo voltou também o meu coração, que agora me acompanha. Não mais o deixarei estar onde eu não estou. Neste momento estou em Lisboa e é aí que ele está. O meu coração está em mim e só a mim pertence.
No sábado, quando parti da Gare do Oriente, em direcção ao Norte, lembrei-me da primeira vez que pisei aquele chão, quando o comboio parou, do quanto aquilo me pareceu tão estranho, grande e assustador. Mas não tive medo. Nunca tive medo. Hoje sei que está na hora de criar novas memórias, de deixar de olhar para trás...
E já que a vida me deu limonada, vou ali fazer limões e já volto!
"(...)E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração."
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração."
Fernando Pessoa
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