Um magnífico texto que vai agradar bastante àqueles que já são fãs da Beyoncé. Vale mesmo a pena ler até ao fim, mesmo para aqueles que não têm a cantora num pedestal, como eu. Quem sabe ainda não tomam a decisão de ir ver o extraordinário espectáculo que ela dará em Março deste ano...
"Enquanto todos dormiam, sem aviso prévio, já as listas dos discos do ano estavam fechadas, Beyoncé despejou um disco novo na internet. Mais do que um disco, é um evento, um espectáculo audiovisual encapsulado em 14 faixas e 17 vídeos. Isto é Beyoncé plenamente consciente de que está no auge. Melhor ainda, é Beyoncé a incentivar todos os outros a chegar ao seu patamar, e a fazê-los acreditar serem capazes disso.
Da conceptualização às peças de lingerie que adornam as suas curvas, os vídeos são um festim multissensorial de som e visão. (...)
Beyoncé tem muito para dizer, e muito do que tem para dizer raramente é dito na cultura pop. A pop tem medo do feminismo, tem medo do casamento e tem sobretudo medo de conjugar o feminismo com a vida conjugal. Como género escapista que aspira a ser, tem ainda medo de pegar em temas como o aborto espontâneo (“Heaven”), a depressão pós-parto (“Mine”) ou a maternidade (“Blue”). Beyoncé embebeda-se, chora, faz amor e lambuza-se de sexo, muito sexo, de várias formas, em vários sítios. Dominante ou submissa, romântica ou ensopada em álcool, na cama, na cozinha, na banheira ou no banco de trás de uma limusina. Para quem se quiser deslumbrar com (e invejar) a vida sexual de Beyoncé, como desculpa para mostrar todos os ângulos daquele maravilhoso rabo, mas também para promover a emancipação através da sexualidade. Mulher, mãe, deusa sexual e feminista? Sim, é possível ser tudo isto. Mas – e isto é importante – é ela quem decide como e o que projectar de si própria.
O chicote está seguro nos seus dedos.
(...) Com este disco pegou no seu mundo pessoal e levou-o para uma esfera político-cultural com ressonância universal. Intersecta uma imagem titânica para dissecar o cérebro e o coração da mulher que existe para lá dos holofotes. Beyoncé cimenta-se como a mais intocável das estrelas pop vivas. E conseguiu fazê-lo precisamente por mostrar que ela é também uma meral mortal, perfeita com todas as suas imperfeições."
O chicote está seguro nos seus dedos.
(...) Com este disco pegou no seu mundo pessoal e levou-o para uma esfera político-cultural com ressonância universal. Intersecta uma imagem titânica para dissecar o cérebro e o coração da mulher que existe para lá dos holofotes. Beyoncé cimenta-se como a mais intocável das estrelas pop vivas. E conseguiu fazê-lo precisamente por mostrar que ela é também uma meral mortal, perfeita com todas as suas imperfeições."
Crítica por Ana Patrícia Silva em Time Out Lisboa
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